F Tô falando Isa!: Eu tenho algo a dizer: Música boa é tudo aquilo que me faz sentir.

28 setembro 2014

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Eu tenho algo a dizer: Música boa é tudo aquilo que me faz sentir.


Eu cresci em meio a maravilhosas influencias musicais. Minha mãe, que sempre escultou bem alto Air Supply e Legião Urbana talvez seja a minha maior inspiração para o que eu carrego na minha playlist hoje. Meu pai coleciona vinis e meus tios se reúnem todo sábado para ouvir rock -desde Elvis e The Beatles até Iron Maiden.
Mesmo assim, quando criança, lembro de dançar É o Tchan (naquela época sem entender ao certo o duplo sentido envolvido nas letras e o tratamento direcionado à mulher que mais tarde eu viria a criticar). Mesmo assim, Ragatanga foi durante muito tempo a minha música favorita, trazendo-me até hoje um conjunto de boas lembranças.
Eu entrei para a adolescência carregada de todas aquelas coisas que me rodearam durante minha vida, eu amava Guns N'Roses mas não perdia um show daquelas bandas coloridas e meio emos que estouraram na época. Lembro de ouvir muitas críticas por isso, que me tornaram alvo de chacota entre os meninos na escola, da mesma forma como anos antes eles me zoavam por gostar de RBD.
Hoje eu esculto indie, folk, hard rock e tenho uma paixão inestimável por mpb. Todo mundo diz que eu tenho um bom gosto musical. E depois de tanto ouvir que é difícil alguém na minha idade ter um vinil de Chico Buarque na estante, e de tanto me ouvirem dissertar sobre o quanto música brasileira pode ser boa, me atribuíram o título de "maturidade musical".
Pensando um pouco sobre isso eu fiz um retrocesso sobre a complexidade de coisas que levam um som a ser considerado bom. Acabei lembrando de todas aquelas brigas em redes sociais-que eu sempre acompanhei apenas como telespectadora-em que todo mundo criticava um funkeiro por que o certo é gostar de rock. Na grande maioria dessas situações as pessoas de "bom gosto musical" sempre usavam os argumentos de que as letras de funk são pejorativas e que ninguém é obrigado a ouvir sexo explícito, mas não foi uma banda de rock consagrada que gravou os gemidos de uma moça pra por como plano de fundo junto à uma melodia? Eu não consigo pensar em algo mais explícito que isso. 
Eu nunca gostei de funk e, como feminista, sou contra qualquer meio de comunicação que faça da mulher objeto sexual apenas. Mas não sejamos hipócritas, ninguém em sã consciência iria a uma festa pra dançar ao som de Kid Abelha. É claro que nas baladinhas da vida que todo mundo frequenta as músicas são dançantes, assim como funk e forró, mas eu nunca ouvi ninguém reclamando de opressão quando toca Nick Minaj (ou por que é inglês e ninguém entende mesmo ou por pura ignorância).
Agora todo mundo paga pau de hipster,  todo mundo se acha no direito de se fechar no seu mundinho e achar que se virou moda não presta... Por que é claro que uma banda só é boa o suficiente se pouca gente ouvir ou se for tão antiga que ninguém pode contestar a sua genialidade.
Eu penso, que música boa pra mim pode não ser música boa pra você. É tão óbvio que chega a ser até clichê. E se "maturidade musical" for padronizar tudo o que eu tenho que ouvir, se martirizar por não poder gostar do que passa na rádio popular e ter que filtrar tudo o que passa pelos meus fones de ouvido eu não quero esse título.
Eu quero continuar a ouvir rock com meus tios aos sábados, mas também quero me dar o prazer de dançar Anitta sempre que achar necessário, por mera diversão. Por que depois de tudo isso eu descobri que quero ser madura musicalmente de um jeito que eu não me prive do direito de reconhecer que música boa é tudo aquilo que me faz sentir.

♥♥♥

13 comentários:

  1. Concordo totalmente com você, Isa! Também já me disseram que tenho bom gosto musical, mas aí me pergunto: e qual seria exatamente o melhor gosto musical? ou, vou mais além, quem determinou qual o melhor? Porque tudo é condicional, não tem como todo mundo gostar da mesma coisa, não há um padrão. Acho muito chato quem quer pagar de melhorzão só porque escuta Chico Buarque, acho que o que vale não é o que você escuta, mas o que você sente ao escutar aquilo. Amo Legião urbana, mas também adoro dançar ao som de one direction e não vejo nada de mais nisso. Pensando nisso, me veio na mente agora o famoso guilty pleasure que super discordo, como algo que a gente gosta pode ser vergonhoso e etc?? Só acho que tem gente que complica muito, ao invés de só curtir e ponto final.
    Beijoss

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  2. Quando eu era pequena tbm dançava É o Tchan sem nem entender nada! Achava o máximo hahaha
    Adorei o texto, beijo!
    www.vitaminatrendy.com

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  3. Isa, querida! Já disse que curto muito seus textos, não é? Dessa vez, acho que posso sim travar um diálogo e talvez contribuir um pouco também. Bem, pra começar, acho que "maturidade musical" na realidade, seria enxergar tudo isso que você menciona acima. Outrossim, por mais polêmico que pareça, acrescento um ponto que também considero importante: gosto se discute, sim!!! O funk por exemplo, surgiu como um grito da favela, pessoas que abriram o peito pro mundo pra dizer que existiam, e isso foi ótimo. Mas os anos deixaram isso de lado e o estilo adotou um modus operandi terrivelmente rasteiro, disseminando desinformação e inversão de valores em escala industrial. Isso sem contar na explícita pobreza de musicalidade (hoje, zapeando os canais, me deparei com duas garotas cantando funk na televisão. Nenhuma dela sabia a diferença entre cantar e gritar. Simplesmente desafinadas da primeira à última nota). Na minha opinião isso denota falta de educação. E educar é preciso. Mas os discursos exacerbados e politicamente corretos de hoje disfarçam isso dizendo que é a "cultura da favela", como se fosse algo intocável, finito em si. Pra mim, isso é uma estratégia burguesa de fechar a favela em si mesma, pra que ela não desfrute dos mesmos referenciais que a classe dominante. E aí, vem a mídia fazer todo um aparato pra legitimar tudo isso e o que a gente vê são criancinhas "tacando a b*c*ta no chão" a torto e a direito, e a audiência convencida de que isso é fofo. Mas isso é só um exemplo, de um só aspecto da coisa. Em particular, eu rejeito radicalismos, assim como eu percebo que você também. Mas eu sou bastante seletivo. E eu curto muita coisa que eu mesmo considero "trash", literalmente, como Garotos Podres e Camisa de Vênus, por exemplo. Eles dividem espaço na minha "playlist" com o Mozart, o Judas Priest e o Fagner, pra citar alguns, e sem falar no jazz e o progressivo, com seus longos e chatos instrumentais que eu adoro. E ainda acho tempo pra alguma coisa de música brega. Mas independente do que seja, o que me importa é que aquilo mexa comigo de alguma forma. No seu caso, dançar é uma delas. Eu como não danço, normalmente a música mexe com meus sentimentos, e nem sempre são os mais nobres. Ou nem isso. Uma boa música pode ser apenas diversão, sem nenhuma pretensão maior. A diferença que eu vejo é que, pra citar um clássico, o Whitesnake por exemplo, apesar de ter letras melosas e as vezes sexistas (eu não disse "machistas", mas também não disse que não, depende muito), musicalmente, eles tem muito para mostrar em virtuosismo vocal e instrumental. É um estilo sólido, que não precisa se travestir cada vez que a moda muda. E é comercial. Toca na rádio e tal. Música pop não significa música ruim. Algumas vezes, é apenas despretensiosa. Bom, pra finalizar: quando se trata de criação, pra mim, gritos de sexo, palavrões e todo tipo de provocações tem de ter algum sentido, estar relacionado a alguma coisa, a alguma uma razão de ser, mesmo que não seja das mais intelectualóides ou mesmo edificantes. A arte existe para provocar. Mas um palavrão no momento certo é arte; um palavrão à toa não passa de vulgaridade.

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  4. Olá, Isabele.
    Cresceu com boas influencias musicais.
    Também me acho com um gosto apurado, não sei se porque ao nascer ouvir muito Elvis, Djavan e coisas do tipo... Mas acredito que ouvir desde que criança possa sim, nos melhorar. Enfim, até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  5. Concordo com você em tudo!! Amoo música <3
    Seguindo você, lindona <3
    Beijooo
    www,blogandocomadeni.blogspot.com.br

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  6. Olá.
    ADOREI o texto, também acho que tenho um gosto apurado, música de qualidade é tudo de bom! Adorei o post.

    memorias-de-leitura.blogspot.com

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  7. Música pra mim serve pra tudo, pra passar o tempo, pensar, se divertir. Acho que ninguém tem nada a ver com isso! Mas realmente é péssimo quem escuta uma música que não fala nada na hora de escutar uma música "pra pensar" ou escutar um forrózão em vez de escutar uma música sensível e romântica... As pessoas invertem demais os valores talvez por isso a cabeça é tão vazia.

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  8. Ah, mas eu até chorei de emoção lendo isso! (quase!) HEHEH
    Eu penso exatamente igual à você, Isa. Nossos gostos também são parecidos. Eu praticamente não conheço as músicas sertanejas, ou os cantores mais famosos. Muito menos de funk. Não são coisas que eu tenho nas minhas playlists. Mas acho que, sim, música boa é aquela adequada para o momento. Se ficarmos uma festa inteira escutando música clássica, a festa não seria boa, afinal.
    Maturidade musical é saber isso, sem julgar o que cada um curte no aconchego do seu lar e que música boa tb tem lugar e horário pra ser mais boa ainda!

    Um beijo
    www.reinodascoisas.com

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  9. Ponto pra você!

    Música é muito muito muito relativo, mas as pessoas insistem em se rotular até quanto a isso.

    Também tive fase É o Tchan, fase Ragatanga e tudo mais... acho que fruto de idades parecidas, né?

    Não vou dizer que escuto de tudo... mas não deixo de escutar x e y por preconceito. Não escuto porque me sinto mal em ouvir... alguns ritmos musicais me deixam angustiada (não me pergunte porque, to tentando descobrir até hoje HAHAHAH).

    Mas é isso... ouça o que faz feliz, não importa quão hipster, genial, consagrado, marginalizado ou popular seja.

    beijo
    beinghellz.blogspot.com

    P.S.: Obrigada por seu carinho através de comentários lá no blog <3

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  10. Meus amigos costumam dizer que sou culta em relação á musica!! Gosto de ouvir isso mas me pergunto o motivo de eles curtirem músicas ruins sabe?
    Seu texto ficou muito bom mesmo :)
    Muito bom saber que aprecia boa música e como voce, amo rocks antigos...

    www.chadecalmila.com

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  11. Ótima conclusão, a música tem a ver com o momento, marcar certas fases, relembrar ao ouvir a música... Me importo muito mais com a letra do que da melodia. Mas algumas melodias me prendem por me divertirem ou terem sido trilhas sonoras de momentos impotantes :) Isso aí!!

    Beijos,
    Blog Dress

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  12. Quem cresce ouvindo Legião Urbana, The Beatles e Iron Maiden pode se orgulhar de si.. Amo e sempre escuto Guns N'Roses me faz refletir sobre a vida mesmo não parecendo. Até hoje ouço RBD e me orgulho em saber que sou da geração RBD, daquelas de colecionar CDs e DVDs, blusas, Posters, tudo, e não me envergonho, porque quando as ouço me sinto feliz, me sinto melhor, e o que importa é a minha felicidade não a opinião dos outros.
    beijos,

    http://umamineirasonhadora.blogspot.com.br/

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  13. Nossa, belíssimo texto, falou tudo. De fato, só pq eu (também) gosto de rock, não quer dizer que o que as outras pessoas ouvem seja ruim, só pq eu não gosto.
    Música nada mais é do que gosto. Gosto cada um tem o seu, e isso nunca se discute. O que nos resta a fazer é respeitar.

    Beijos,
    Livro de Memórias

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♥Críticas construtivas são sempre bem vindas, mas sem xingamentos!

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