Enfrentar um relacionamento sério não é nada fácil, todos dizem. Existem momentos bons e uns tantos ruins, mas no fim, se as partes envolvidas estiverem satisfeitas, tudo dá certo.
Isso foi o que sempre ouvi. Dai paro pra pensar sobre essa tal satisfação que devemos encontrar no par, na metade da laranja, na tampa da panela. É inevitável não pensar nisso tornando a reciprocidade de sentimento quase que obrigatória. Mas estar satisfeito, ainda nos meus vagos pensamentos, pode sim estar relacionado com a mutua concessão, e conceder, como você deve saber bem, é dádiva de poucos.
Veja bem, não falo de relacionamentos abertos, tendo em vista que a maioria de nós (nesse patriarcado piegas) não está preparada para compreender de uma maneira natural esse tipo de "organização", falo dos relacionamentos entre duas partes, duas pessoas. Onde o acordo de reciprocidades de ações está posto de um para o outro e onde os dois assumem o tão dito compromisso com o adentro particular de cada um.
No adentro da maioria das pessoas a regra básica é um relacionamento a dois (e só). E devemos entender que isso é nada mais que uma construção social, talvez, das mais difíceis de se desconstruir. Por isso mesmo, para que tudo funcione é preciso respeitar o adentro do companheiro(a), entenda respeitar como não infligir a "regra".
Até aqui, tudo bem. O problema na verdade, está quando percebemos o quanto essas regrinhas nos martirizam, nos prendem e nos deixam reféns. Nós mulheres, ainda nessa lógica de construções sociais, aprendemos a querer o relacionamento perfeito, a sermos mulheres perfeitas e a entender a aproximação de outras pessoas como ameaça. Nesse dois últimos pontos o problema pode ficar sério. Lembro-me de um texto, indicado por uma amiga, onde a autora dizia que o ciúme vinha diferente para os homens. O ciúme do homem tem relação com posse e da mulher, com insegurança. Então proponho um exercício para você, leitor(a): olhe para a mulher mais bonita e confiante a sua volta. Agora pense, "quantas vezes essa mulher sentiu-se insegura diante de outras mulheres?".
A resposta pode parecer estranha (principalmente se você for homem), mas eu garanto, foram várias. Logo, não é difícil imaginar que essa mesma mulher, se em um relacionamento sério e à dois, abranja suas inseguranças para o parceiro(a). É normal, por exemplo, que ela sinta-se mal ao perceber uma outra mulher que possa "ameaçar" o acordo da sua relação. Mas também é possível refletir mais um pouco e imaginar que a mulher que "ameaça" o acordo também se sente insegura em vários momentos da sua vida.
A competição entre essas mulheres apenas torna a vida de ambas mais difícil. Afinal, tendo que lidar com suas próprias inseguranças pessoais transformar alguém que quase certamente tem os mesmos problemas em um "chefão" a ser derrotado não me parece muito inteligente. Mas é claro que falar é muito fácil. Fazer dessas reflexões reais é algo que pode parecer ainda muito fora de alcance.
O que tenho percebido, é que o que tem mudado ao longo do tempo é a lógica da reciprocidade. Nós nos cobramos, nós competimos e isso é errado. Mas não tenhamos dúvidas, hoje nos sentimos muito mais seguras para cobrar retorno dos acordos tão falados nesse texto. Quando o companheiro (e nesse caso necessariamente homem) não os cumpre e exige que sejam cumpridos por você, algo está errado. Não podemos tomar para si um erro que DE FORMA ALGUMA é nosso.
A força da culpa, imposta pela exorbitante maioria dos homens, é difícil de se lidar, mas não impossível. Proponho um outro exercício (esse para ser praticado dentro do relacionamento): sempre que seu companheiro fizer com que você se sinta culpada por uma desconfortável quebra de acordo feita por ele pense consigo mesma, "se a situação fosse inversa, ele se sentiria culpado ou a culpa continuaria a ser minha?".
Se a culpa continuar a ser sua não ouça o que todos dizem sobre relacionamentos serem difíceis. Não assuma a culpa. A CULPA NÃO É SUA, a culpa é dele. E se você, mulher, ficar tentada a culpar a companheira envolvida na falta ou achar que ela é melhor que você e isso explica a "rendição" do companheiro (e de novo você toma a culpa para si que não foi/fez o suficiente), uma dica: lembra do ditado sábio da vovó de que pra amar alguém, antes precisamos nos amar. Só assim é possível estarmos satisfeitas em um relacionamento.
No adentro da maioria das pessoas a regra básica é um relacionamento a dois (e só). E devemos entender que isso é nada mais que uma construção social, talvez, das mais difíceis de se desconstruir. Por isso mesmo, para que tudo funcione é preciso respeitar o adentro do companheiro(a), entenda respeitar como não infligir a "regra".
Até aqui, tudo bem. O problema na verdade, está quando percebemos o quanto essas regrinhas nos martirizam, nos prendem e nos deixam reféns. Nós mulheres, ainda nessa lógica de construções sociais, aprendemos a querer o relacionamento perfeito, a sermos mulheres perfeitas e a entender a aproximação de outras pessoas como ameaça. Nesse dois últimos pontos o problema pode ficar sério. Lembro-me de um texto, indicado por uma amiga, onde a autora dizia que o ciúme vinha diferente para os homens. O ciúme do homem tem relação com posse e da mulher, com insegurança. Então proponho um exercício para você, leitor(a): olhe para a mulher mais bonita e confiante a sua volta. Agora pense, "quantas vezes essa mulher sentiu-se insegura diante de outras mulheres?".
A resposta pode parecer estranha (principalmente se você for homem), mas eu garanto, foram várias. Logo, não é difícil imaginar que essa mesma mulher, se em um relacionamento sério e à dois, abranja suas inseguranças para o parceiro(a). É normal, por exemplo, que ela sinta-se mal ao perceber uma outra mulher que possa "ameaçar" o acordo da sua relação. Mas também é possível refletir mais um pouco e imaginar que a mulher que "ameaça" o acordo também se sente insegura em vários momentos da sua vida.
A competição entre essas mulheres apenas torna a vida de ambas mais difícil. Afinal, tendo que lidar com suas próprias inseguranças pessoais transformar alguém que quase certamente tem os mesmos problemas em um "chefão" a ser derrotado não me parece muito inteligente. Mas é claro que falar é muito fácil. Fazer dessas reflexões reais é algo que pode parecer ainda muito fora de alcance.
O que tenho percebido, é que o que tem mudado ao longo do tempo é a lógica da reciprocidade. Nós nos cobramos, nós competimos e isso é errado. Mas não tenhamos dúvidas, hoje nos sentimos muito mais seguras para cobrar retorno dos acordos tão falados nesse texto. Quando o companheiro (e nesse caso necessariamente homem) não os cumpre e exige que sejam cumpridos por você, algo está errado. Não podemos tomar para si um erro que DE FORMA ALGUMA é nosso.
A força da culpa, imposta pela exorbitante maioria dos homens, é difícil de se lidar, mas não impossível. Proponho um outro exercício (esse para ser praticado dentro do relacionamento): sempre que seu companheiro fizer com que você se sinta culpada por uma desconfortável quebra de acordo feita por ele pense consigo mesma, "se a situação fosse inversa, ele se sentiria culpado ou a culpa continuaria a ser minha?".
Se a culpa continuar a ser sua não ouça o que todos dizem sobre relacionamentos serem difíceis. Não assuma a culpa. A CULPA NÃO É SUA, a culpa é dele. E se você, mulher, ficar tentada a culpar a companheira envolvida na falta ou achar que ela é melhor que você e isso explica a "rendição" do companheiro (e de novo você toma a culpa para si que não foi/fez o suficiente), uma dica: lembra do ditado sábio da vovó de que pra amar alguém, antes precisamos nos amar. Só assim é possível estarmos satisfeitas em um relacionamento.
Texto citado: Sobre ciúmes e a posição da mulher na luta não-monogâmica